terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

FAZ TEMPO NÃO ESCREVO POR AQUI

Olá pessoal,

só para dar uma satisfação aos antigos leitores, eu parei de escrever neste blog para escrever no outro novo que criei. Quem quiser acompanhar é só acessar:


Abraços a todos
Adriana Freitas

sábado, 12 de outubro de 2013

QUE VENHAM OS VIAJANTES TRINTA E QUATRO! AMPLIANDO A CONSCIÊNCIA



Em setembro de 2013 fiz uma viagem para São Paulo – SP. Como algumas pessoas já sabem, eu gosto de fazer algum tipo de comemoração pelo meu aniversário em outubro, e este ano eu adiantei a experiência.
Sempre acreditei que viajar fosse uma forma de gerar novos aprendizados na vida e esta crença tem se solidificado cada vez mais. Entrar em contato com outras culturas nos tira da nossa percepção restrita e acostumada aos nossos próprios padrões.
Sim, nos acostumamos com o nosso mundinho e ele passa a ser nossa única verdade, o que não significa que isso seja bom ou ruim por si só, mas de fato é apenas uma entre milhares de outras formas de ser e estar no mundo.
Mas é necessário que estejamos abertos a experimentar e sentir...
Experimentar São Paulo em comemoração aos meus trinta e quatro anos, foi uma ampliação de consciência. Teço aqui apenas algumas impressões dentro da minha limitada experiência e do meu limitado modo de percepção. Não busco fazer referências verdadeiras nem tampouco científicas ou políticas.
A primeira coisa que me impressionou na cidade foi o metrô, uma cidade subterrânea, que fora dos horários de rush funciona muito bem. Sem sombra de dúvidas, muito mais desenvolvido do que o de Belo Horizonte. Isso me fez pensar o quanto a nossa política mineira não tem interesse no desenvolvimento desse transporte coletivo, provavelmente por causa de outros interesses políticos os quais eu não conheço, mas posso imaginar que envolve grandes empresários e muito dinheiro (é só pensar na tal da BRT em BH). Já na hora do rush em São Paulo, os paulistas vivem contradições semelhantes as nossas, pois há uma insuficiência do transporte para os milhares de habitantes da cidade.
Contradições vão existir em qualquer lugar que você escolha viver. E eu me perguntei e ainda me pergunto: como ter uma vida coerente mesmo em um contexto contraditório?
Outra observação da viagem foi a respeito dos trabalhadores paulistas. O atendimento deles, em diversos estabelecimentos de base, é muito melhor do que o atendimento dos mineiros. Parece que os paulistas trabalham mais dispostos ou alegres. Talvez lá as pessoas vejam o trabalho como uma forma de crescimento e por isso dão o melhor de si mesmos. A impressão que eu tenho dos mineiros é que eles vêem o trabalho como uma forma de sobrevivência e de subserviência, o que talvez os faça menos dispostos e humorados para a atividade. Além do que São Paulo é uma cidade que culturalmente valoriza o trabalho e que tem um perfil competitivo mediante uma oferta gigantesca, o que também me pareceu ser um dos motivos relacionados a qualidade dos serviços.
Pensando nisso, também faço referência a qualidade da comida nos restaurantes. Até o suco de morango e de tangerina foram os melhores que eu já experimentei até hoje. Lá eu comi a melhor comida japonesa da minha vida. E conversando com meus parceiros de viagem, discutimos sobre o quanto isso gera uma outra contradição, pois acaba elevando o nosso nível de exigência ou talvez de preferência, sendo que moramos em um contexto que oferece um padrão menor de qualidade, no geral. Pelo menos eu tenho o consolo de gostar de cozinhar e cozinhar bem, ter amigos que cozinham maravilhosamente, além de ter algumas boas referências de ótimos restaurantes mineiros com custos razoáveis.
Outro lugar que fiquei maravilhada foi a Livraria Cultura, com três andares de livros, materiais de áudios e afins. No final de semana as pessoas vão para lá como passeio. Muitas crianças adolescentes e adultos, pegam livros e sentam no chão para lê-los, passando horas lá dentro. Fica sempre cheia de pessoas, algumas preferindo tomar um delicioso café. Encontrei lá um simbolismo da valorização paulista pela leitura e conhecimento, não como uma simples obrigação de estudante, mas como um prazer. E fico pensando: como podemos transmitir para nossos descendentes a perspectiva da leitura e do conhecimento como prazer? Da minha parte tento incentivar meus priminhos e sobrinhos sempre presenteando-os com livros.
Sempre que compramos algo, da padaria até a livraria, os caixas nos perguntam se queremos recibo com CPF. Ao questionarmos o que significava, eles explicaram que esse recibo cai no registro do Imposto de Renda dos paulistas, servindo como abatimento do mesmo. Vejam como o sistema de IR deles é avançado, considerando não apenas quesitos limitados como saúde e educação para a redução do imposto. Mais uma vez vemos avanços político-econômicos que favorecem a sociedade paulista e que estão longe de acontecer para os mineiros.
A última experiência que gostaria de relatar foi minha “noite cubana”. Fomos a uma casa noturna de música cubana. Conheci um britânico com quem dancei e conversei sobre vivências no exterior. Nossa conversa foi tão interessante quanto a dança, pois ele é uma pessoa de uma mentalidade muito ampliada, já morou em outro país e hoje viaja o mundo transmitindo idéias, informações, pesquisas e práticas em sustentabilidade. Relatou a importância que sua experiência no exterior teve em sua vida e me incentivou a viajar como forma de construir novas experiências e ampliar a percepção da vida. Conhecer sua perspectiva de vida me fez compreender ainda mais como as nossas experiências em outros contextos e culturas podem nos ajudar a ampliar nossa percepção e melhorar nossas posturas no trabalho e na vida.
São Paulo ampliou minha consciência em todos esses sentidos. Não, eu não quero ir morar lá apesar de todo meu encantamento! Ainda amo Belo Horizonte. Eu acredito que as verdadeiras mudanças precisam ocorrer internamente e não externamente. Conhecer novas culturas nos oferece novos pontos de referência os quais podemos utilizar para termos uma melhor crítica sobre onde vivemos e sobre onde podemos chegar e também favorece uma reflexão sobre como podemos trabalhar em nossos contextos para favorecer seu crescimento. São Paulo me ajudou a redefinir e reforçar minha necessidade de ter novas experiências e aprendizados através de viagens e vou colocar essa proposta de vida sempre como parte da minha agenda. Que venham os viajantes Trinta e Quatro!
Adriana Freitas




sábado, 29 de junho de 2013

INTERDEPENDÊNCIA

Vivemos e somos uma teia interligada de pessoas interdependentes umas das outras e nem sempre fazemos idéia da proporção gigante dessa rede. Tampouco reconhecemos ou damos o devido valor as relações indiretas das nossas vidas. Algumas pessoas sequer enxergam trabalhadores de serviços básicos como garis ou atendentes de supermercado e afins, não chegando nem cumprimentá-los quando vão ser atendidos.
Atentei-me para este tema quando eu estava lendo o livro “Palavras de Poder – volume Brasil” de Lauro Henriques Jr.. Numa de suas entrevistas com Lia Diskin ele a questiona sobre o principal ensinamento que aprendeu com o Dalai Lama em suas visitas ao Brasil, as quais ela é responsável. A artífice da paz, responde que seu maior aprendizado foi a consciência absoluta da interdependência da vida. E explica que em todas as viagens, Dalai Lama antes de deixar alguma cidade, faz questão de ir até a cozinha do hotel em que se hospedou e agradecer ao cozinheiro, aos ajudantes de cozinheiro, além de reunir as equipes de limpeza e de segurança, agradecendo a cada um pelo benefício que lhe propiciaram o que lhe permitiu cumprir sua responsabilidade.
Sem dúvida um exemplo de visão sistêmica, humildade e valorização de todas as relações.
Em outro momento, assisti ao dvd “Music – live in concert”, show do violinista David Garrett, onde o artista dedica uma música, “Thank you for loving me” de Bon Jovi, a toda sua equipe dentro e especialmente fora do palco, que sempre o ajudou nos diversos aspectos da produção de seus shows. As fotografias e nomes de cada integrante são mostradas durante a música.
Eu sempre fico emocionada quando um grande artista reconhece e valoriza os profissionais com os quais trabalha. Para mim isso é mais um sinal de sua grandiosidade emocional.
Outra referência, no Volume Mundo de “Palavras de Poder” do mesmo autor acima referendado, é a do Lama Surya Das, que fala da nossa completa interdependência, lembrando que no zen-budismo japonês, antes das refeições se faz uma prece em gratidão: “Agradecemos a todas as mãos e a todos os seres que nos trouxeram este alimento”. Mesmo não conhecendo, são muitas mãos que nos trazem nosso alimento: agricultores, pessoas da entrega, comerciantes e a própria natureza.
Vejamos como o agradecimento é a etapa seguinte ao reconhecimento. É a externalização da nossa reverência as múltiplas conexões em rede e de como elas propiciam a vida.
Essas idéias me fizeram pensar nas redes de pessoas as quais sou interdependente e decidi listá-las abaixo. Divido-a em duas partes, relações distantes e próximas. E aproveito o momento para agradecer profundamente a todas essas pessoas, já que infelizmente não fiz o suficiente (mas procurarei fazer mais, em alta voz ou em pensamento), como o mestre Dalai Lama:
Relações Distantes: Faxineiras; porteiros; garis; agricultores e pecuaristas; transportadores; todos envolvidos na construção civil e das estradas, cidades e trânsito; eletricistas; padeiro e funcionários de padaria; feirantes; quitandeiras; funcionários dos supermercados; profissionais das imobiliárias; profissionais da copasa, das empresas de purificadores de água e da cemig; cozinheiras, auxiliares e profissionais de restaurantes; vendedores; costureiras; bancários e demais funcionários dos bancos; profissionais dos correios; músicos, e profissionais envolvidos com os shows e casas de entretenimento; todos os profissionais do cinema e literatura (vivos e mortos); pintores, artistas e diversos profissionais da arte; médicos; contadores; carpinteiros, marceneiros; profissionais do transporte terrestre e aéreo; frentistas e demais funcionários dos postos de combustível; profissionais da hotelaria; profissionais da prefeitura; policiais; profissionais do detran e redes a ele interligadas; profissionais da Internet e suas redes (sites e conteúdos vinculados) interligadas.
Relações Próximas: pais, parentes, amigos, clientes, alunos, terapeuta, colegas multiprofissionais.
A lista ficará em aberto para novas lembranças e reconhecimentos, pois acredito que não consegui relatar uma ampla extensão dessa rede, já que sempre que paro e releio, encontro mais algumas referências.
Lama Surya Das (conforme referência anterior) complementa que agradecer e acolher a interconexão que serve a todos nós, não significa nem justifica a permanência na completa dependência, sendo essencial que haja autonomia dentro da interdependência.
A autonomia não seria definida por uma independência total de outras pessoas. Costumo pensar na mesma como uma escolha de assumir as responsabilidades pela própria vida e arcar com as consequências dessas escolhas, sejam elas quais forem. Considerando ainda uma ética que compreende a avalia como minhas escolhas repercutirão nas minhas relações.
E acrescentando, Lama Surya Das diz que o caminho da sabedoria seria o caminho da colaboração, da cooperação do compartilhar, do dar e receber. Ele cita também o que o mestre zen vietnamita Thich Nhat Hanh chama de “inter-ser”: nós inter-somos, nós coexistimos.
Isso significa não apenas assumir nossa responsabilidade conosco mas mostra a importância de investir em nossos trabalhos pois nossa colaboração é tão significativa para a rede quanto o trabalho do outro o é para nós. Quanto mais qualidade tiver nossa “doação”, melhores se tornam nossas redes relacionais.
Em tempos de manifestações sociais iniciadas em junho de 2013 no Brasil inteiro, evidenciamos a relevância das trocas de informação que a rede propicia. O movimento saiu das redes sociais da internet para as ruas, sem ter uma liderança específica. A mídia já não tem o poder de vincular apenas uma visão tendenciosa, pois diversos vídeos “caseiros”, relatos e informações estão circulando pela rede, mostrando várias versões da realidade das manifestações. Vale relembrar a força das coletividades – e uma coletividade se faz na interdependência - e sua influência na rede política brasileira, na medida que já verificamos alguns movimentos de mudança na cúpula política.
A política é interdependente do povo, e acredito que estamos aprendendo ou relembrando disso agora e utilizando os melhores recursos da interdependência, para reivindicar nossos direitos como cidadãos.
Adriana Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica

quarta-feira, 8 de maio de 2013

MUSA



A minha amada Musa é voluntariosa
Ela chega sem pedir licença e sem hora marcada
e vai embora sorrateiramente sem se despedir
e o pior, sem marcar data e hora pra voltar

Me seduz, me encanta, me enlouquece
Abre-me olhos, cabeça e coração
Ai eu não compreendo esse poder
Que ela tem sobre mim

Quisera eu manter uma relação amorosa
a longo prazo com a minha amada
Já tentei capturá-la numa gaiola
Ou colocá-la numa redoma de vidro
Mas ela é inapreensível
E me escapa pelos dedos

Ela é completamente fugaz
E só me permite viver paixões avassaladoras
Que tomam conta dos meus sentidos

E como no instante seguinte ao prazer
Os corpos são separados
E fica a eterna nostalgia da perfeita completude

Eu tenho repensado o que faço
Que mantém seu comportamento voluntarioso
E cheguei a conclusão de que
Não tenho sido uma amante dedicada

Não tenho investido tempo suficiente nesta relação
Imagino que desta forma
Só possa lhe despertar sentimentos
De raiva e abandono

Oh Musa querida
Me perdoe na minha negligência
Eu ainda sou uma aprendiz
Do Amor e da Intimidade

Não sabes o quanto me ensinas
Me dê mais uma chance,
Mais outra e mais outra...
Eu conheço a sua bondade
Eu re-conheço o meu desejo a cada dia

* Texto dedicado a minha Musa interna, inspiração voluntariosa da minha escrita.

Adriana Freitas